Pelo menos 21 mil crianças palestinas vivem com alguma deficiência física causada por Israel ao longo do genocídio televisionado em Gaza, de acordo com um comunicado divulgado nesta quarta-feira (03/09) pelo Comitê das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD).
A nota diz que cerca de 40,5 mil menores sofreram “ferimentos relacionados ao conflito” entre 7 de outubro de 2023 e 21 de agosto deste ano, com mais da metade deles tendo incapacidades. O CDPF cita ainda “ao menos 157.114 palestinos feridos, com mais de 25% [deles] em risco de deficiência permanente”.
Um detalhe apontado pela denúncia é de que as ordens de evacuação dadas por Israel durante as ofensivas de seu exército em determinadas regiões do enclave eram “frequentemente inacessíveis” para pessoas com deficiência auditiva ou visual, “tornando a evacuação impossível”.
“Relatórios também descreveram pessoas com deficiência sendo forçadas a fugir em condições inseguras e indignas, como rastejar na areia ou lama sem assistência para locomoção”, disse o grupo de especialistas da ONU.
Segundo o comitê, as restrições da entrada de ajuda humanitária ao enclave também impactaram, de modo desproporcional, as pessoas com deficiência, que “enfrentaram graves interrupções na assistência, deixando muitas sem comida, água limpa ou saneamento básico e dependentes de terceiros para sobreviver”.
Por fim, o CDPD cobrou de Israel para “adotar medidas específicas a fim de proteger crianças com deficiência de ataques e implementar protocolos de evacuação que levem em consideração as pessoas com deficiência”.

Unicef
‘Catástrofe completa’ por fome
O porta-voz do Fundo Internacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Tess Ingram, descreveu a situação em Gaza como “um desastre completo” devido ao agravamento da fome, com famílias lutando para encontrar comida para seus filhos.
O representante, que passou pela Cidade de Gaza, o principal centro urbano do enclave onde o Exército israelense pôs em ação o seu plano de ocupação, concedeu entrevista à agência Anadolu, relatando uma ameaça crescente de ataques.
“As pessoas estão fugindo dessas áreas e vindo para o oeste, para a costa e para onde há um número crescente de tendas ou abrigos temporários. Os diretores do hospital com quem falei disseram que houve mais crianças chegando com ossos quebrados, queimaduras e ferimentos como resultado de explosivos com o aumento da atividade militar nos últimos dias”, disse.
Ingram ainda classificou a situação como “um desastre” e destacou que, apesar das evacuações, nenhum lugar em Gaza é seguro.
Sobre a fome no enclave, que foi oficialmente declarada pela ONU no âmbito da Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC), o porta-voz do Unicef alertou que o cenário segue igual e que se não mudar, existe o risco de que a crise humanitária se espalhe para outras áreas do território palestino dentro de algumas semanas.
Ingram também lembrou que trabalhadores humanitários e jornalistas que atuam em Gaza têm chamado a atenção para a falta de suprimentos, mas que nada mudou.
“Ainda não há pressão internacional para mudar as coisas”, disse. “Se a situação não mudar, mais crianças correm o risco de morrer de fome. […] O consenso geral é que 15% a 20% das crianças examinadas estão desnutridas. Essa taxa é muito alta. Isso é maior do que os limites de escassez. Isso significa que agora existem milhares de crianças na Cidade de Gaza e no resto do enclave que também precisam de tratamento de desnutrição”.
De acordo com o Unicef, mais de 110 crianças morreram em Gaza devido à desnutrição, sendo que mais da metade dessas mortes ocorreram somente neste ano.
(*) Com Ansa
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