Os senadores democratas Dick Durbin e Tammy Duckworth relataram ter sido barrados de visitar um centro de imigração próximo a Chicago na sexta-feira (10/10), no mesmo dia em que tropas da Guarda Nacional iniciaram patrulhas em Memphis, no Tennessee.
Os parlamentares deslocaram-se até a instalação no subúrbio de Broadview para solicitar acesso às dependências do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) e entregar donativos a manifestantes que protestam no local há semanas. A tentativa de visita coincide com uma ordem judicial que determinou a remoção de uma cerca de 2,4 metros que obstruía uma via pública.
Em entrevista à afiliada local da NBC News, os senadores manifestaram insatisfação pela recusa de entrada. “Só queríamos entrar, dar uma olhada nas instalações e ver como estão as condições, mas eles não nos deixaram entrar. É uma vergonha”, afirmou Duckworth. Durbin acrescentou: “Estou nessa função há alguns anos e nunca enfrentei esse tipo de obstrução por parte de nenhum governo presidencial”.
“Do que vocês têm medo?”, indagou Duckworth, dirigindo-se ao governo. “Deve ter alguma coisa acontecendo lá que eles não querem que a gente veja”, conjecturou Durbin, reafirmando sua autoridade fiscalizatória do Congresso.
Enquanto isso, em Memphis, pelo menos nove guardas armados iniciaram patrulhas na loja Bass Pro Shops, localizada no edifício Pyramid, um marco situado a cerca de 1,6 km da histórica Beale Street e do FedExForum, arena do time de basquete Memphis Grizzlies da NBA. Os soldados, vestindo coletes com a identificação “polícia militar”, também estiveram presentes num centro de visitantes às margens do Rio Mississippi, onde posaram para fotos com turistas.

@SenDuckworth / X
O governo Trump enviou ou planejou o envio de tropas para diversas cidades, como Baltimore, Nova Orleans, Oakland, São Francisco e Los Angeles, alegando a necessidade de apoiar agentes de imigração e proteger propriedades federais. Em Memphis, os militares permanecem sob o comando do governador republicano Bill Lee, que apoia a ação como parte de uma repressão federal ao crime.
Contudo, tentativas de deslocar tropas para Portland e Chicago encontraram resistência judicial. Tribunais federais de Illinois e do Oregon barraram as iniciativas nesta semana, sustentando que a interferência viola a soberania estadual. A juíza federal April Perry, em Chicago, determinou que o governo Trump infringiu a 10ª Emenda, que reserva poderes aos estados, e a 14ª Emenda, que garante o devido processo legal.
Em sua fundamentação, Perry salientou a tradição histórica de evitar o envolvimento militar em atividades de policiamento interno, observando que “nem mesmo o Pai Fundador mais favorável a um governo federal forte” – referindo-se a Alexander Hamilton – “acreditava que a milícia de um estado pudesse ser enviada para outro estado com o propósito de retaliação política”.
O governador de Illinois, JB Pritzker, apoiou a decisão: “O tribunal confirmou o que todos sabemos: não há evidências confiáveis de uma rebelião no estado de Illinois. E não há lugar para a Guarda Nacional nas ruas de cidades americanas como Chicago”.
À espera do julgamento do Tribunal de Apelações do 9º Circuito sobre caso análogo em Portland, a tenente-comandante Teresa Meadows, porta-voz do Comando Norte dos EUA, informou que as tropas já deslocadas para Portland e Chicago “não estão conduzindo nenhuma atividade operacional neste momento”.
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