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Últimas famílias começam a deixar área do dique do Sarandi em meio a indefinições sobre moradia

Nesta segunda-feira (30), o secretário de Habitação e Regularização Fundiária de Porto Alegre, André Machado, visitou cada uma das quatro famílias que ainda moram no trecho da rua Aderbal Rocha de Fraga onde o dique do Sarandi passa por obras. Ficou decidido que duas pessoas irão com suas famílias para casas modulares localizadas próximo ao Porto Seco. Uma terceira moradora assinará o contrato da Compra Assistida ainda esta semana; outra conseguiu um aluguel que se enquadra nos R$ 1.000 do programa Estadia Solidária. A informação é do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

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Uma das moradoras que irá para a casa modular estava quase comprando uma casa pelo programa Compra Assistida, mas a venda não foi concluída. “O governo vai disponibilizar um contêiner para onde eu vou ser obrigada a ir com a minha filha, pois a Caixa não deixou passar na vistoria a casa que eu ia comprar pelo Compra Assistida. Com essa ordem judicial, somos obrigados a sair, e não temos nem noção para onde. Minha filha não vai poder vir à escolinha”, desabafa.

Conforme o último levantamento realizado pelo Departamento Municipal de Habitação (Demhab), das sete famílias que permaneciam no local até a última semana, três já realizaram a mudança. A reconstrução do dique foi retomada na última sexta-feira (27), um dia após a autorização da Justiça, que havia suspendido as intervenções em março. Conforme o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), o trabalho tem como foco a demolição de residências já desabitadas e o recolhimento dos resíduos oriundos da limpeza do terreno.

De acordo com o MAB, outras famílias que já haviam saído do local estavam enfrentando atrasos no pagamento do valor referente ao Estadia Solidárias, alguns precisando fazer rifa para pagar o aluguel. A previsão é de que eles voltem a receber o dinheiro ainda hoje, mas não devem receber os valores atrasados.

A maioria das famílias que moravam no entorno do dique é composta de três ou mais pessoas. Com a dificuldade para encontrar imóveis que comportem todos os familiares e que se enquadrem no valor da Estadia Solidária, os moradores chegaram a pedir aumento do valor de R$ 1.000, mas não houve acordo com o Demhab.

“Nenhuma família se recusa a sair, nenhuma vai resistir nem nada do tipo, até porque isso pode gerar repressão. Eles querem sair, mas não sem moradia garantida. O próprio secretário tem lidado como se os atingidos não procurassem [outra moradia], diz para incentivar o restante dos moradores da Aderbal a procurar logo uma casa. Mas nenhum deles está esperando de braços cruzados. Tem outras 1.600 famílias que vão passar pela mesma situação”, afirma Jenifer Procópio, assessora do MAB.

Ela se refere aos moradores de outra parte da rua Aderbal Rocha de Fraga, onde será construído mais um trecho do dique, com cerca de dois quilômetros de extensão. A secretaria de Obras foi procurada pelo Sul21 para saber quando as obras avançam ao restante da rua, mas não retornou até o fechamento da matéria.

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